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A situação da educação brasileira não é das melhores

nos últimos anos. Em 2016, o Brasil ocupava a 60ª

posição entre os 76 países avaliados na última

edição do Pisa – Programa Internacional de Avaliação

de Estudantes. O país amargava também outros

números: 3,8 milhões de brasileiros, entre 4 e 17

anos, estavam fora da escola; o analfabetismo ainda

alcançava 13 milhões de pessoas acima de 15 anos,

o que corresponde a 8,3% da população; e apenas

32,3% dos brasileiros entre 18 e 24 anos cursam ou

cursaram o ensino superior.

Diante desse cenário, a Fundação Getulio Vargas,

através da FGV Pró-Reitoria de Ensino, Pesquisa

e Pós-graduação, redigiu o artigo “Brasil Pátria

Educadora: Será? Uma proposta de solução viável”,

com o objetivo de discutir a situação do país e

analisar possíveis soluções que integremos jovens na

escola, facilitando sua profissionalização.

Segundo o artigo, são muitos os problemas que o

Brasil enfrenta na educação. Entre eles, a carência

de professores e a falta de infraestrutura nas escolas

públicas. Um levantamento feito pelo Ministério

da Educação (MEC) apontou que faltam 170 mil

docentes nos níveis fundamental e médio na rede

pública. Oúltimo censoescolar tambémmostrouque

65% dos colégios públicos não têm biblioteca e, de

acordo com pesquisas realizadas pela Universidade

Federal de Santa Catarina (UFSC) e pela Universidade

de Brasília (UnB), 44% dos centros de ensino não

possuem TV ou computador.

Para reverter este cenário, os educadores da FGV

Pró-Reitoria propõem investir na educação básica,

em melhores salários para os professores, de

forma a atrair profissionais mais qualificados. Além

do investimento na melhoria de infraestrutura,

considerando prédios, laboratórios, locais de

recreação, bibliotecas virtuais e físicas de boa

qualidade. A inspiração para essas ideias veio de

exemplos de sucesso, como nos Estados Unidos, que

criou, nos anos 1990, o programa sem fins lucrativos

Teach for America (TFA), que proporcionou o

recrutamento de jovens das melhores universidades

para ensinar em escolas públicas parceiras.

Outra proposta é em relação ao ensino médio.

De acordo com o estudo, há uma evasão muito

significativa de jovens que concluem o ensino

fundamental, mas que não chegam a ingressar no

ensino médio, visto que não há estímulo para o

aprendizado. Uma solução para reverter este quadro

seriaa implantaçãodeatividadespráticasnas escolas,

para que os jovens adquiram uma profissão, como

marcenaria, manutenção predial, computação, entre

outras. Para isso, a ideia é que todo aluno no ensino

médio receba uma formação técnica, que seria uma

espécie de ponte para o jovem ter a oportunidade

de sair da pobreza e entrar no mercado de trabalho.

Dessa forma, o país conseguiria desenvolver políticas

inclusivas e mobilizar todos os cidadãos para

participar efetivamente da sociedade.

O artigo avalia também as iniciativas bem-

sucedidas experimentadas pelo Brasil no passado,

como soluções possíveis de serem continuadas.

Uma delas é o Projeto Rondon, realizado entre

os anos 1967 e 1989, que consistia em uma ação

conjunta dos ministérios da Defesa e da Educação.

Apesar de não ser obrigatório, era extremamente

demandado, pois oferecia aos participantes uma

experiência única de aprendizado, de prática

profissional e de conhecimento em diferentes

regiões do país. Em 2005, o projeto foi relançado

pelo governo federal e, desde a sua retomada, já

atendeu a cerca de 830 municípios.

O projeto visa à integração social, envolvendo

a participação voluntária de estudantes

universitários na busca de soluções que

auxiliem no desenvolvimento sustentável de

comunidades carentes.

No Brasil, já há o Serviço Militar Obrigatório. No

entanto, ele não consegue atender a todos os jovens

em função das dimensões das Forças Armadas.

A ideia do projeto é, por simetria, fazer com que

os jovens que não servirem às Forças Armadas,

independentemente do gênero, participem do

Serviço Civil Obrigatório.

Para os jovens das camadas menos favorecidas, o

Serviço Civil Obrigatório consistiria em aprender

uma profissão, através do ensino técnico, de forma

a incluí-los na classe média. A proposta para os

alunos com melhores condições financeiras, que

frequentam o ensino superior, seria a realização de

atividades acadêmicas, por exemplo “Atividades

Complementares”, disciplina obrigatória, com cerca

de 200 horas, onde os estudantes participariam,

como tutores, no período de férias.

Além de obedecer à Constituição brasileira, estas

seriam oportunidades para colocar a educação,

em definitivo, nos trilhos para que ela percorra um

caminho certeiro, do desenvolvimento, de que o

Brasil tanto precisa.